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Qual a hora certa de vender uma ação?

Uma dúvida muito recorrente no mercado de investimentos é quais critérios levar em consideração e qual o melhor momento para comprar uma ação. Mas além dessa pergunta, muitos investidores se questionam também sobre qual o melhor momento para a venda de um ativo.

É sobre isso que vamos falar neste conteúdo, mostrando algumas possibilidades reais que atenderão a sua expectativa, embasando o porquê de nossas ideias sobre as possíveis alternativas.

Não sei se vamos te decepcionar agora, mas se você continuar lendo até o final, verá que fará todo sentido o que falaremos e que será muito mais forte e decisivo do que simplesmente dizermos que o ideal para venda é considerar tal coisa.

Na prática, o que fazer então?

O primeiro ponto que deve ficar claro é: não há o melhor momento de venda, mas sim a melhor estratégia a ser utilizada. Como cada pessoa tem um perfil, objetivos diferentes e até ansiedades distintas, seria muito difícil ter uma única resposta para essa pergunta. Considerando isso, vamos abordar algumas estratégias para que então você possa avaliar e entender se faz ou não sentido para os seus investimentos.

1) Ao fazer a compra de uma ação, estabeleça um objetivo de ganho

Consiste em definir um percentual sobre o valor da compra e já programar no homebroker ou com o assessor responsável para que seja lançada a ordem na bolsa de forma automática, quando o preço for alcançado. Chamamos esse modelo de stop gain ou preço-alvo. Ele é muito interessante para que o objetivo traçado seja atendido, evitando que por falta de tempo, atenção ou qualquer outro compromisso, sua estratégia fracasse. Essa estratégia funciona bem se você definir dois preços de venda, vamos explicar melhor esse ponto:

Quando a ação que você deseja vender bater no preço desejado, sua ordem será enviada automaticamente para bolsa e ficará na fila de vendedores. Havendo mais compradores no seu preço de venda, ela será executada e a operação encerrada.

Vamos esclarecer a mecânica dessa operação:

  • Lançamos uma ordem de venda da ação, ora comprada, pelo preço que desejamos realizar o lucro (stop gain).
  • Essa ordem fica como se fosse num "túnel" entre a corretora e a B3.
  • Para que sua ordem saia do "túnel" e vá automaticamente para a bolsa de valores, ficando exposta no livro de ofertas, alguma ordem de outra pessoa com o mesmo valor terá que ter acontecido.
  • No momento que sua ordem for "disparada" para a bolsa, não significa que ela será realizada, visto que pode não haver mais compradores no preço que você deseja.

Para minimizar essa possibilidade, de não execução, o ideal é definir dois preços de venda. Vamos ilustrar com números, para ficar mais claro:

Imagine que você comprou uma ação a R$10 e seu objetivo é um ganho de 30%. Assim sendo, sua ordem de venda será de R$13, correto? Defina então esse preço como objetivo principal e algo abaixo, por volta de R$12,80 para minimizar o risco dá operação não sair. Os números acima, são apenas ilustrativos, tanto o objetivo um, quanto o dois, pois dependerá de cada investidor em relação aos seus anseios.

2) A segunda estratégia é tentar otimizar o máximo possível

Para isso, podemos utilizar a mesma estratégia acima, mas com um stop gain flexível, ou seja, toda vez que estiver próximo do alvo, ele é movido para cima antes da operação ser executada. Nessa estratégia é interessante usar também o stop loss ou limite de perda, para que de repente, em uma queda do mercado após algumas altas ou da sua ação especificamente, você não devolva toda valorização que já havia conseguido. Assim sendo, tanto o stop gain, como o loss devem ser movimentados. Vamos a um exemplo com números. Vamos ilustrar com os dois stops desde o início da operação, para a compreensão mais abrangente:

Imagine a compra de uma ação a R$ 10 com objetivo de obter no mínimo um ganho de 30%. Colocamos assim, o objetivo de ganho a R$13 e o segundo objetivo a R$12,80. Já no stop de perda, imaginemos aceitar uma perda de 10%, portanto o primeiro stop loss será de R$9 e segundo para não corrermos o risco de fracasso da estratégia, precisamos colocar um pouco mais baixo, definindo então R$8,80 o que significa o prejuízo de 12%.

Bom, vamos aos stops móveis:

Por hipótese, depois da compra, sua ação entra em um movimento de alta e salta para R$11. Com isso, as alterações podem ser na seguinte direção:

  • O preço de venda subir para, por exemplo, R$14,30 que são 30% sobre o valor atual da ação e o segundo alvo de ganho para R$ 14,08.
  • Já em relação à venda subiríamos para R$9,90 e o segundo stop loss para R$9,68 também seguindo as proporções definidas inicialmente, ou seja, 10% e 12% respectivamente, agora sobre a cotação atual da ação.

A conclusão é que estamos aumentando a possibilidade de ganho e ao mesmo tempo, na medida que a ação sobe e alteramos o stop loss, reduzindo ou eliminando a possibilidade de perda. Podemos utilizar essa estratégia até que em algum momento sejamos "stopados", para cima ou para baixo ou resolvemos pôr um fim espontaneamente na operação.

3) Mudança de cenário econômico, setor ou empresa

Essas são outras razões para definir a venda de uma ação, mesmo que ainda se esteja otimista no longo prazo, pois de repente, é possível estar diante de uma oportunidade de curto prazo.

4) Patrimônio constituído

Muitos investidores têm em mente quando começam seus investimentos em ações, de que o melhor momento para venda será quando o patrimônio estiver construído, de que essa é a hora de começar a trocar por ativos menos voláteis. Essa é uma opção bastante razoável de ser seguida.

5) Manter equilibrada a participação dos setores na carteira de investimentos

Quando criamos uma carteira de investimento em ações é importante definir primeiro quais setores investir para depois escolher as empresas. Assim sendo, é natural que pelo comportamento não tão uniforme entre os setores investidos, ao longo do tempo, a participação destes aumentem ou caiam em relação à carteira como um todo e, por isso, investidores realizam lucros em determinadas ações e realocam os recursos provenientes dessas vendas dentro da própria carteira, nos setores que ainda não performaram tão bem às expectativas.

Veja que não há certo ou errado, existe sim, estratégias definidas e quanto menos alterá-las melhor, a não ser que se perceba que não vem dando certo. Quando vendemos as ações ou parte delas, podemos entre outras, alocar os recursos além do que dissemos no item 5 acima, para:

  1. Reserva de oportunidade, ou seja, deixar os recursos da venda das ações temporariamente na renda fixa, aguardando baixas mais significativas no preço das ações para novas compras.
  2. Utilizar os recursos das vendas das ações para investimentos na renda fixa, diminuindo assim, a exposição à renda variável ou simplesmente readequando o percentual definido para a renda variável.

Aliás, vale comentar que a estratégia de se vender uma ação pode ser de forma integral ou apenas da parte do lucro que lhe foi propiciado, permanecendo ainda com a ação, mas realizando e embolsando definitivamente o lucro. Perceba de que se trata de mais uma estratégia, além de todas outras que já citadas.

Esperamos que esse assunto tenha ficado um pouco mais claro, mas qualquer dúvida, siga contando com a Alpz para te ajudar!

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